sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Embriague-se somente com Poesia! Quando dirigir, não beba!

EVEMIA VENIDA

Bebi meia garrafa de vinho,
Enquanto tu te despias,
Iniciei as minhas carícias,
Tu beijavas uma taça vazia;
Deslizei as minhas mãos em teu corpo,
Beijei os teus seios; suguei o teu sangue;
Evemia, com sabor de vinho.
Não sou Calígula, nem D. Juan,
Sou apenas um Poeta.
Embriaguei-te com os meus carinhos...
Embriaguei-me com o teu corpo.
Borbulhavam os teus lábios, em meus lábios,
Bebi o teu mosto. Vináceo. Minha vertigem.
Chamo a isso de Volúpia... Tu me chamas de Vulcão.
E lavas incandescentes emanavam de nossas taças.
Fez-se jorrar mais uma emoção.
Brindávamos juntos os nossos corpos...
Parecíamos uma “tocha humana”, que incendiava no Olimpo.
Seríamos parte de um sonho, de um deus tamanho,
Rei do Vinho?
Somos pó... pó da terra. Semente e fruto.
O elo entre o divino e o humano; a musa/o poeta/a deusa/
O semideus.
E Baco? Baco não é fênix, mas “emergiu das cinzas”.
E a noite veio; o meu cigarro se apagou...
Para brotarem no céu, novas estrelas;
Dentre elas, vejo-te,
Desejo-te e... Uma explosão cósmica.
Acho que estou delirando...
Devo ter estourado mais uma garrafa... de Champanha;
Nem percebi...
E fiz cintilar em cada gota, uma esfera...
Caía “suavemente” uma procela... de uvas;
Caíam todas sobre nós.
Era como se fizéssemos amor, debaixo de uma videira.
É incrível! Passei a vida inteira a amar-te...
Amo-te... Amo-te, como amo verdadeiramente um bom vinho;
Desejo-te, ardentemente...
Sinto o pulsar de tuas veias, a cada vez que a minha língua
Cavalga em teu corpo... Sugando cada gota de vinho.
Sois vós e o vinho, minhas maiores riquezas...
Nesse momento de prazer e delírios.
As uvas tingiram as minhas pobres retinas.
Vi Musas. Vi Ninfas. Vindimas.
Vi inúmeras garrafas vazias e odres velhos...
Numa aldeia de bárbaros, guerreiros e mulheres.
E todos se deliciavam ao sabor do vinho e da carne...
Dessas Ninfas selvagens, nesse instante imaginário.
Derramei mais vinho em teu corpo.
Teu corpo vináceo agora ficou mais úvido para saborear.
Por isso, sinto agora o bálsamo das uvas e do teu corpo.
E eis que havia, não muito distante, um rio...
Tanto bebiam, quanto se banhavam, depois do cio.
Havia, ainda, uma cachoeira que fazia espumas,
Quando se atirava das montanhas...
Como se fosse uma rolha desprendida do bico da garrafa
De uma champanha.
E Dante, onde está? Teria, também, se embriagado,
Para escrever, em versos, a “Divina Comédia”?
Ah! Dante apaixonado!? Porque quis.
Seu vinho: Beatriz.
Um poeta só se deixa embriagar por Musas e por Vinho.
E alguém, em sua embriaguez homérica... vindima.
Imagina (?)... Uma América Latina, sem sangue e sem guerras.
Mas, a realidade é uma Odisséia.
Por isso, prefiro sonhar mais um pouco...
Pode até ser que eu fique mais louco.
Pouco me importo.
Ei? Onde estão as ninfas selvagens? Minhas Musas.
Dimensão de minha visão onírica; aguda; vinílica.
Pois quero beijar as entranhas...
As entranhas de uma taça transbordando de uvas...
Liqüefeitas, derretidas (transformadas... em vinho). “Salute”!
Quero beijar-te... como beijo uma deusa.
Um sacrifício: preparo as uvas com os meus próprios pés.
E eis que trago mais vinho.
E vejo, através de um cálice de cristal,
Um vinho sagrado, derramado...
Acaso profanei o “Precioso Sangue”?
Não, creio que não.
Cada vinho tem a sua história, cada história, um pouco de Vinho.
Silêncio! Deixe Baco dormir... descansar.
Deixa-me sozinho...
Preciso sonhar mais um pouco.
Beija-me... Beija-me com o teu batom “Vinho Tinto”;
Quero... quero te amar ainda mais; não minto.
Visto que estão postos sobre a mesa...
Todos os meus desejos, e mais uma garrafa de vinho.
Quero... quero beber o mosto delicioso...
E sentir o sabor de teus beijos... selvagens... felinos.
Quero esquecer que sou um bárbaro;
Porque agora...
Agora sou um menino.

O desejo pela PAZ me faz delirar


Psicodélico ???


PÁSSAROS FERIDOS


A Morte - A Dor de uma Perda

Aconteceu numa praça, no Japão.
Não se sabe como o pássaro morreu.
Ele estava ali no asfalto, inerte, sem vida.
Seria um fato corriqueiro,
Mas o fotógrafo fez a grande diferença.

A Solidariedade

Segundo o relato do fotógrafo,
Uma outra ave permanecia próxima
Àquele corpo sem vida e ficara ali durante horas.
Chamando pelo companheiro,
Ela pulava de galho em galho,
Sem temer os que se aproximavam,
Inclusive sem temer ao fotógrafo
Que se colocava bem próximo.

A Solicitação

Ela cantou num tom triste.
Ela voou até o corpinho inerte,
Posou como querendo levantá-lo e
Alçou vôo até um jardim próximo.
O fotógrafo entendeu o que ela pedia e,
Assim, foi até o meio da rua,
Retirou a ave morta e
A colocou no canteiro indicado.
Só então a ave solidária levantou vôo e,
Atrás dela, todo o bando.

A Despedida

As fotos traduzem a seqüência dos fatos e
A beleza de sentimentos no reino animal.

Uma Questão de Amor e Carinho

Segundo o relato de testemunhas,
Dezenas de aves, antes de partirem,
Sobrevoaram o corpinho do companheiro morto.
As fotos mostram quanta verdade existiu
Naquele momento de dor e respeito.

Um grito de dor e lamento

Aquela ave que fez toda a cerimônia de despedida,
Quando o bando já ia alto,
Inesperadamente voltou ao corpo inerte no chão e,
Num grito de não aceitação da morte,
Tenta novamente chamar o companheiro à vida.
Desesperada, mas com amor e carinho,
Ela se despede do companheiro,
Revelando o seu sentimento de dor.


Mas, agora, me respondam:
Serão os animais realmente os irracionais?